Iolanda Aldrei, para as irmãs,
para os irmãos zapatistas
Erguemos da mãe o corpo
e o espírito do húmus medra em nós.
Perdemos o fio que costura as bocas,
o fio que ata os corações
para, humildes, abençoar os ventos,
para, simples, abençoar as águas,
para, miúdas, abençoar a luz
e agradecer a irmandade nas estrelas.
Nunca esquecemos o colo da caverna,
a comunal cantiga dos rios que amamentam
a alegria dos dias, a pureza das noites;
sempre lembramos a calidez das árvores,
delas aprendemos a memória sagrada
que dança nas faíscas das pedras que cantam.
Deciframos na estela dos últimos cometas
as palavras azuis, os versos dos planetas,
confiamos segredos sem pontos cardinais,
abraçamos sem sombra, olhamos sem fronteiras:
abençoamos as mãos que acariciam a verdade
abençoamos os passos que libertam as terras.
Bem-vindos os braços que sabem abraçar.
Bem-vinda a luta que procura a paz.
Poema lido na Benvida
as Zapatistas por Catarina Silva