Penélope
(O Engenho da Costela)
Penélope costura junto ao molhe
Pergunta por Ulisses aos marujos
Nenhum ouviu falar Ninguém o viu no mar
Dentro da sua cesta há um novelo
De lã e de madeixas de cabelo
Do qual tece um lençol Que desfaz ao deitar
Prometeu acabá-lo Quando Ulisses voltar
Ulisses está perdido entre as ilhas
Prisioneiro do canto das sereias
Não encontra o caminho
Entre águas e areias Na treva do mar
Não se acendem candeias
Penélope é mãe irmã e noiva
Senhora do engenho da costela
De Adão até Ulisses Nada mudou para ela
Penélope pede contas aos astros
Manda recados cifrados nos mastros
E acende luzernas do mais puro azeite
E veste-se de branco casto
Sem nenhum enfeite
Ulisses está perdido entre as ilhas
Prisioneiro do canto das sereias
Não encontra o caminho
Entre águas e areias Na treva do mar
Não se acendem candeias
Penélope cansada do lençol
Já feito e desfeito até cansar
Decidiu partir E conhecer o mar
Penélope quebrou a tradição
Da mulher que não parte e não viaja
A Grécia já lá vai Roma também já foi
E agora ela navega Sozinha e sem herói
Ulisses chegou cansado e velho
Penélope não estava à sua espera
Tornou-se uma esquecida
Em busca de Odisseias
Ulisses está perdido
Não tem quem lhe coza as meias.
carlos té
texto dunha cantiga
grabada por misia